Riscos de criar um SaaS em no-code e as Falhas de Segurança

Riscos de criar um SaaS em no-code e as Falhas de Segurança
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Nos últimos dias, uma série de testes com a plataforma Lovable revelou uma verdade desconfortável. Ao solicitar a criação de um simples bloco de notas com Supabase, o objetivo era avaliar a qualidade do código. O que descobrimos, no entanto, é uma falha que expõe os riscos de criar um SaaS em no-code: a Lovable não usa a instância do Supabase que você configura; na verdade, ela a substitui por um backend próprio, oculto e fora do seu controle.

Essa prática, mascarada como uma “integração”, cria um severo vendor lock-in e, além disso, introduz vulnerabilidades críticas. O que parece ser uma ferramenta de prototipagem está, de fato, sendo usado para colocar em produção aplicações reais, criando uma bomba-relógio e evidenciando os riscos de criar um SaaS em no-code.

Este artigo, portanto, detalha a investigação, expondo como a plataforma opera e as falhas de segurança em seu código. Analisaremos os riscos de criar um SaaS em no-code — de segurança, financeiros, operacionais e legais — que qualquer empresa construída sobre essa fundação instável enfrenta. Em suma, não se trata de um problema de prototipagem; é uma crise de produção.

1. A Ilusão da Integração: Como a Plataforma Engana

O processo começa de forma promissora. Ao fornecer um prompt inicial para a IA, por exemplo, “Crie um bloco de notas com login e Supabase”, a plataforma parece entender a necessidade de uma infraestrutura segura. Ela pode, inclusive, sugerir a criação de tabelas com RLS (Row-Level Security), dando a impressão de que está construindo uma base robusta.

Em seguida, a Lovable gera um código que parece legítimo e alinhado com as melhores práticas. O código para inicializar o cliente do banco de dados, por exemplo, utiliza as variáveis de ambiente que você esperaria. Até este ponto, tudo parece correto. O desenvolvedor, então, acredita que a aplicação se conectará à sua instância do Supabase. É aqui que os riscos de criar um SaaS em no-code começam a se manifestar.

2. A Descoberta do Backend Oculto: Onde Estão Seus Dados?

Após o deploy, a realidade vem à tona. Uma inspeção cuidadosa revela que nada do que a plataforma gerou está, de fato, conectado à sua conta do Supabase. As tabelas não aparecem no seu dashboard e os dados não existem na sua conta. Em outras palavras, é a materialização dos riscos de criar um SaaS em no-code.

A verdade aparece ao explorar o painel interno da Lovable Cloud: a plataforma provisionou uma instância completa e separada do Supabase, totalmente gerenciada por eles. Este banco de dados oculto contém tudo: as tabelas, as políticas, os logs e a autenticação. Tudo proprietário e, infelizmente, inacessível.

3. Análise da Infraestrutura Oculta da Plataforma Lovable e o Vendor Lock-in

Ao substituir sua infraestrutura por um backend privado, a Lovable cria um dos piores cenários: um severo vendor lock-in. O usuário, como resultado, perde completamente o controle sobre os pilares de sua aplicação, um dos maiores riscos de criar um SaaS em no-code.

Neste modelo, por exemplo, você:

  • Não controla a instância do Postgres.
  • Não tem acesso aos logs reais do banco de dados.
  • Não possui acesso administrativo à infraestrutura.
  • Não consegue exportar seus dados de forma simples.
  • Não pode migrar seu backend para outro provedor.

Toda a lógica do seu banco de dados se torna proprietária e fica presa dentro da Lovable Cloud. O que a empresa vende como uma “integração Supabase” é, na prática, o uso de um backend fechado. É um dos principais riscos de criar um SaaS em no-code.

4. Vulnerabilidades de Segurança em SaaS Gerados por IA

Mesmo ignorando o problema da infraestrutura oculta, o próprio código que a Lovable gera para o frontend contém fragilidades de segurança sérias. Este é outro dos grandes riscos de criar um SaaS em no-code.

4.1 Persistência de Sessão no localStorage

A plataforma configura o cliente Supabase para persistir a sessão no `localStorage` do navegador. Isso, sem dúvida, é uma prática de segurança extremamente pobre, pois os tokens de sessão ficam expostos a qualquer código JavaScript, vulnerabilidades de Cross-Site Scripting (XSS) e extensões de navegador maliciosas.

4.2 user_id Enviado Manualmente pelo Frontend

Ao criar uma nova nota, o código gerado envia manualmente o `user_id` do cliente para o banco de dados. Embora as políticas de RLS possam proteger contra a inserção de dados não autorizados, essa é uma prática frágil.

4.3 Consultas Diretas e Descontroladas

As consultas ao banco de dados são feitas diretamente do frontend, muitas vezes dentro de um `useEffect()` sem nenhum tipo de controle. Isso, certamente, pode levar a um “flood” de requisições ao banco, consumo excessivo da cota e inconsistências de dados.

4.4 A Ausência de uma Camada de API Intermediária

A consequência mais grave, no entanto, é que toda a lógica sensível da aplicação ocorre no navegador. Um SaaS construído dessa forma é, na verdade, apenas um frontend se comunicando diretamente com um banco de dados. Isso, por sua vez, limita severamente a segurança, a escalabilidade e a estabilidade, ampliando os riscos de criar um SaaS em no-code.

5. A Bomba-Relógio: Milhares de SaaS em Produção

O problema transcende a teoria. Afinal, estamos falando de empresas reais, com clientes pagantes e dados sensíveis (CPFs, e-mails), que se construíram sobre essa fundação precária. Existem, por exemplo, CRMs, plataformas de pagamento e sistemas de RH rodando na Lovable, todos vulneráveis.

Os riscos de criar um SaaS em no-code são iminentes:

  • Segurança: Uma única vulnerabilidade de XSS, por exemplo, pode vazar os tokens de milhares de usuários.
  • Financeiro: A Lovable pode mudar seu modelo de precificação inesperadamente.
  • Operacional: Um bug na plataforma da Lovable pode derrubar todos os SaaS que dependem dela.
  • Legal (LGPD/GDPR): Como uma empresa pode provar conformidade se não sabe onde os dados estão armazenados?

A pergunta que ninguém quer fazer é: quantos desses negócios vão quebrar quando o primeiro incidente sério acontecer? Porque, infelizmente, não é uma questão de “se”, mas de “quando”.

6. Veredito: Uma Ferramenta de Prototipagem, Não de Produção

A Lovable e plataformas semelhantes são, de fato, ferramentas interessantes para a prototipagem rápida. Elas podem, certamente, acelerar a fase de ideação e validação de um conceito.

No entanto, quando o escopo envolve autenticação, acesso a dados ou qualquer tipo de uso comercial, a falta de transparência e o código inseguro se tornam problemas intransponíveis. Até que essas plataformas sejam totalmente transparentes, você deve tratar qualquer “SaaS completo” gerado nelas estritamente como um protótipo. Os riscos de criar um SaaS em no-code para produção são muito altos.

A lição é dura, mas fundamental: o backend É O PRODUTO DE VERDADE. O frontend é apenas a interface. Delegar o coração do seu negócio a uma caixa-preta sobre a qual você não tem controle não é uma estratégia sustentável; pelo contrário, é uma receita para o desastre.

Conclusão: Os Riscos de Criar um SaaS em No-Code e a Necessidade de Soberania

A promessa de criar um SaaS complexo com apenas alguns cliques é sedutora, mas a experiência com a Lovable serve como um alerta contundente. A conveniência, afinal, nunca deve vir ao custo da transparência e da segurança. A aparente “magia” da IA, por exemplo, pode esconder armadilhas que comprometem a viabilidade de um negócio a longo prazo.

A decisão da Lovable de “tomar o volante” do backend pode fazer sentido do ponto de vista do produto, mas, ao mesmo tempo, é uma violação da confiança do desenvolvedor. A crença de que você está construindo sobre uma infraestrutura própria, quando na verdade está preso a um sistema proprietário, é uma base frágil.

A ascensão de plataformas no-code assistidas por IA está democratizando a criação de software. Contudo, isso também exige um novo nível de diligência. É imperativo que os criadores entendam o que está acontecendo “sob o capô”. Construir uma maquete é diferente de construir uma infraestrutura. Para quem leva seu produto a sério, a soberania sobre o backend não é negociável, e os riscos de criar um SaaS em no-code devem ser levados a sério.

Referências

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