Preço do Bitcoin – Otimismo do Mercado está Longe do Ideal

O desempenho do preço do Bitcoin no último trimestre de 2025 tem sido uma fonte de preocupação para a comunidade de criptoativos. Em vários momentos nas últimas semanas, a principal criptomoeda parecia destinada a encerrar o ano em território negativo, gerando, assim, uma grande incerteza entre os investidores.

Contudo, uma recuperação recente viu o Bitcoin reconquistar o importante nível de 90 mil dólares, trazendo um sopro de alívio. Mas, segundo um especialista da gestora Bitwise, o mercado pode estar subestimando drasticamente o potencial do ativo. A análise sugere que o preço atual reflete um pessimismo macroeconômico exagerado, criando um cenário de “mola comprimida” pronto para um movimento explosivo de alta.

Esta perspectiva contrária argumenta que os investidores não estão “nem remotamente otimistas o suficiente”. Ela se baseia em uma profunda análise macroeconômica que compara o cenário atual com momentos históricos de estresse. Vamos, portanto, detalhar os fundamentos por trás dessa tese e explorar por que o atual sentimento do mercado pode estar mascarando uma oportunidade única.

O Que o Preço do Bitcoin Já Precificou?

A pergunta persistente na mente de todo investidor é: “o que já está precificado no preço do Bitcoin?”. Em uma postagem recente, Andre Dragosch, Chefe de Pesquisa Europeia da Bitwise, ofereceu uma resposta contundente. Sua análise, com efeito, mergulha nos fatores macroeconômicos que estão sendo refletidos na cotação atual do ativo.

Segundo o analista, a principal criptomoeda está, no momento, precificando a perspectiva de crescimento global mais pessimista desde 2022. Naquele ano, o mercado enfrentou uma tempestade perfeita, marcada pelo aperto monetário do Federal Reserve e pelo colapso da exchange FTX. A situação, aliás, se assemelha também ao pessimismo visto em 2020, durante o auge da incerteza causada pela pandemia.

Para chegar a essa conclusão, Dragosch utilizou um conjunto de pesquisas de ponta que servem como termômetros para as expectativas de crescimento. O resultado é claro: “O Bitcoin está essencialmente precificando um ambiente de crescimento recessivo”, escreveu o pesquisador da Bitwise. Isso significa, em outras palavras, que o preço do Bitcoin não reflete apenas uma pequena correção, mas sim a expectativa de uma contração econômica severa.

Análise Contrarian Histórica para o Preço do Bitcoin

Andre Dragosch se posiciona como um “contrarian macroeconômico”, uma abordagem que busca oportunidades em divergências entre o sentimento do mercado e os fundamentos. Ele explica que o preço de qualquer ativo é, em essência, um reflexo do sentimento macroeconômico, e que o Bitcoin tem a capacidade tanto de subestimar (undershoot) quanto de superestimar (overshoot) a perspectiva predominante.

É precisamente nessas divergências que, em sua visão, a maior parte do “alfa” — retornos que superam o mercado — é gerada. Olhando para o passado, os momentos de pessimismo extremo de 2020 e 2022 foram justamente quando as expectativas atingiram seu ponto mais baixo. Em ambas as ocasiões, por exemplo, o preço do Bitcoin inicialmente “subestimou” o cenário, apenas para encenar uma recuperação robusta em seguida.

Dragosch acredita que estamos testemunhando uma repetição desse padrão. O mercado, segundo ele, está tão focado nos riscos de curto prazo que está ignorando os catalisadores de longo prazo. A tese contrária aposta que o pessimismo atual é exagerado e que uma reversão está no horizonte, criando, assim, uma oportunidade única.

A Teoria da “Mola Comprimida” Aplicada ao Preço do Bitcoin

A análise da Bitwise vai além, prevendo que “as expectativas de crescimento global vão acelerar a partir daqui”. A base para essa previsão otimista está na enorme quantidade de estímulo monetário que precedeu o aperto atual. Esse capital, que foi injetado na economia, tende a ter efeitos defasados, e Dragosch acredita que, por essa razão, ele impulsionará uma reaceleração econômica até 2026.

Essa configuração macroeconômica pode ser comparada a uma “mola comprimida ou uma bola debaixo d’água”. A pressão negativa do sentimento do mercado está, de fato, suprimindo artificialmente o preço do Bitcoin. No entanto, uma vez que essa pressão diminua e a reaceleração econômica se torne aparente, a energia potencial acumulada pode ser liberada de forma violenta.

O pesquisador traça um paralelo direto com o choque de março de 2020. Naquele momento, em meio ao pânico, o preço do Bitcoin desmoronou, apenas para se multiplicar por seis vezes até o final do ano. Dragosch aponta que a última vez que existiu uma relação de risco-recompensa tão assimétrica foi precisamente durante aquele período. A trajetória atual, portanto, parece estar assumindo a forma dessa “mola comprimida“.

O Veredito Final: Por que a Bitwise Acredita que os Investidores de Bitcoin Estão Pessimistas Demais

A conclusão da análise de Andre Dragosch é inequívoca: os investidores “não estão nem remotamente otimistas o suficiente”. O foco excessivo na performance recente e nas nuvens macroeconômicas de curto prazo está, na verdade, cegando o mercado para o potencial de alta que se forma sob a superfície.

O sentimento do mercado, ao precificar um cenário de recessão, criou uma anomalia. Se a recessão não se materializar com a gravidade esperada, ou se a economia global começar a reacelerar, o preço do Bitcoin terá um enorme espaço para se reajustar para cima. A desconexão entre a precificação atual e a perspectiva fundamental de longo prazo é, em suma, o cerne da tese da Bitwise.

Enquanto o gráfico pode mostrar uma estabilidade ansiosa, a análise macroeconômica profunda, por outro lado, sugere que este é um momento de calma antes de uma potencial tempestade positiva. A compressão não pode durar para sempre e, quando a mola finalmente se soltar, aqueles que mantiveram uma visão contrarian poderão ser amplamente recompensados.

Conclusão: Uma Desconexão Entre o Preço do Bitcoin e seu Potencial

A análise detalhada da Bitwise oferece uma narrativa poderosa e contrária ao pessimismo de 2025. Ao invés de ver a recente estagnação como um sinal de fraqueza, a pesquisa a interpreta como um sintoma de um mercado que precificou o pior cenário possível. O preço do Bitcoin, segundo essa tese, reflete um medo que remete aos momentos mais sombrios da história econômica recente.

A metáfora da “mola comprimida” captura perfeitamente a dinâmica em jogo. O sentimento do mercado está suprimindo o potencial do ativo, mas os fundamentos, impulsionados por estímulos passados, apontam para uma futura reaceleração. Essa desconexão, por consequência, cria uma assimetria de risco-recompensa raramente vista nos mercados.

Em última análise, a mensagem é clara: a falta de otimismo pode ser a maior oportunidade. Enquanto a maioria dos investidores se preocupa com a volatilidade de curto prazo, a visão macroeconômica de longo prazo sugere que o preço do Bitcoin pode estar se preparando para um de seus movimentos de alta mais significativos, provando mais uma vez sua resiliência.